A Tolerância de ponto anunciada para o dia 13 de Maio em todo o País, por motivo da visita de Sua Santidade o Papa Bento XVI, acompanhada por tolerâncias em Lisboa e no Porto na antevéspera e no dia seguinte, respectivamente, convidam-me a considerar aqui um tema que já pensara tratar por ocasião do feriado da terça-feira de Entrudo. Não é um tema popular, mas penso que vale a pena abordá-lo pois é altura de encararmos de frente os problemas do País que somos todos nós.
Portugal ocupa um lugar desolador na maior parte dos indicadores económicos, sociais, culturais e educativos da União Europeia. Temos uma dívida colossal, sobretudo quando comparada com a riqueza que produzimos. Muitos duvidam da nossa capacidade para controlar o défice dentro do prazo exigido e há já quem ameace com a possibilidade de Portugal e a Grécia terem de sair da Zona Euro (nunca deveria ter entrado, porque quem não tem sangue não pode fazer morcelas). O desemprego atinge níveis alarmantes e daí decorrem problemas sociais gravíssimos. E, no entanto, Portugal é um dos países europeus com maior número de feriados nacionais por ano: uma dúzia. Se a eles acrescentarmos os feriados municipais, os fins-de-semana e uns 20 dias úteis de férias concluiremos que em 2010, nos 365 dias do nosso calendário, muitos Portugueses trabalham apenas 228.
Ainda assim, não trabalhar 137 dias por ano (37,5% do total) não constitui regalia suficiente. Por isso inventámos as “pontes”. Sempre que um dos feriados calha a uma terça ou a uma quinta-feira, é certo que milhares de funcionários gozam de um descanso suplementar. E porquê? Apenas porque se trata de um feriado e um fim-de-semana, ou vice-versa. Somente mais uma interrupção, um dia de férias suplementar, concedido pelos acasos do calendário. Para azar de muitos, em 2010 só há quatro casos nessas condições: no Entrudo, no Corpo de Deus, no Dia de Portugal e na Implantação da República. Os restantes feriados calham, ou à segunda e sextas-feiras (o que também não é mau), ou à quarta-feira (o que é mais desfavorável mas pode levar alguns a interessar-se pelo significado do 1 e 8 de Dezembro) ou então ao fim-de-semana (uma sobreposição assaz desagradável). Mas há ainda outras hipóteses para sermos felizes. São as tolerâncias ditadas por circunstâncias excepcionais, como no caso da visita de Bento XVI. Uma tolerância “ad hoc” mas que alcançou já um efeito improvável: pôs de acordo associações patronais e sindicatos quanto à sua conveniência.
Este panorama merece um comentário amargo. Sobretudo no que tem que ver com as “ponte” e com os famosos “roulementes” que daí decorrem. Todos sabemos como este sistema é prejudicial ao normal funcionamento de qualquer serviço. Quem está fora, em regime rotativo, não só não trabalha como impede que muitas tarefas, por serem partilhadas ou por falta de informação relevante, não seja possíveis de concretizar pelos que estão ao trabalho. Daí resulta o adiamento de muitas decisões (ou a tomada de decisões erradas), alguma desorganização interna e a recaída constante em ciclos laborais de “stop and go” deveras prejudiciais. Acho bisonho que um País como o nosso, que importa quase tudo e que deve mais do que aquilo que produz, se permita continuar a viver neste registo. O trabalho não ser visto como um “frete”, como um “mal necessário”, mas como um direito (a que muitos não têm ainda acesso) e como um instrumento para a nossa realização pessoal e para o progresso da sociedade em que vivemos.
Os filhos de amanhã merecem herdar de nós um País mais próspero, mais harmonioso e menos dependente. Não os conseguiremos satisfazer enquanto vogarmos nestas águas estagnadas sobre as quais continuamos a construir feriados e pontes que não nos aproximam de nada a não ser do nosso próprio abismo.
Agora vou fazer uma pergunta um pouco maliciosa e que gostaria que alguém me desse uma resposta concreta: Uma vez que vivemos num estado laico, onde todas as religiões tem direito a existir, e onde cada pessoa tem o direito de seguir a religião que entender! Este governo, e outros no passado, ao fazerem uma recepção de tamanha envergadura, ao Papa, será que, se viesse acontecer, vir a Portugal o Chefe supremo da religião Muçulmana ou da Judaica, seria recebido da mesma forma? Será que receberam o Deus? Ou será que, o que levou este governo a receber desta forma (tal que até mesmo, os jornalistas, durante 4 dias se esqueceram que no mundo existem problemas. Só existiu o Papa e o Benfica! Já não existia fome, nem assaltos, nem mortes, o mundo estava limpo. Lamento esta atitude jornalística!). Mas como dizia, ao recebe-lo desta forma é pelo facto de acreditarem que ele tem poderes e por isso irá tirar o país do défice em que se encontra e livra-lo de cair em Banca Rota? É por isso, é que cada vez mais, sinto a necessidade de ser “SELVAGEM”.
Portugal ocupa um lugar desolador na maior parte dos indicadores económicos, sociais, culturais e educativos da União Europeia. Temos uma dívida colossal, sobretudo quando comparada com a riqueza que produzimos. Muitos duvidam da nossa capacidade para controlar o défice dentro do prazo exigido e há já quem ameace com a possibilidade de Portugal e a Grécia terem de sair da Zona Euro (nunca deveria ter entrado, porque quem não tem sangue não pode fazer morcelas). O desemprego atinge níveis alarmantes e daí decorrem problemas sociais gravíssimos. E, no entanto, Portugal é um dos países europeus com maior número de feriados nacionais por ano: uma dúzia. Se a eles acrescentarmos os feriados municipais, os fins-de-semana e uns 20 dias úteis de férias concluiremos que em 2010, nos 365 dias do nosso calendário, muitos Portugueses trabalham apenas 228.
Ainda assim, não trabalhar 137 dias por ano (37,5% do total) não constitui regalia suficiente. Por isso inventámos as “pontes”. Sempre que um dos feriados calha a uma terça ou a uma quinta-feira, é certo que milhares de funcionários gozam de um descanso suplementar. E porquê? Apenas porque se trata de um feriado e um fim-de-semana, ou vice-versa. Somente mais uma interrupção, um dia de férias suplementar, concedido pelos acasos do calendário. Para azar de muitos, em 2010 só há quatro casos nessas condições: no Entrudo, no Corpo de Deus, no Dia de Portugal e na Implantação da República. Os restantes feriados calham, ou à segunda e sextas-feiras (o que também não é mau), ou à quarta-feira (o que é mais desfavorável mas pode levar alguns a interessar-se pelo significado do 1 e 8 de Dezembro) ou então ao fim-de-semana (uma sobreposição assaz desagradável). Mas há ainda outras hipóteses para sermos felizes. São as tolerâncias ditadas por circunstâncias excepcionais, como no caso da visita de Bento XVI. Uma tolerância “ad hoc” mas que alcançou já um efeito improvável: pôs de acordo associações patronais e sindicatos quanto à sua conveniência.
Este panorama merece um comentário amargo. Sobretudo no que tem que ver com as “ponte” e com os famosos “roulementes” que daí decorrem. Todos sabemos como este sistema é prejudicial ao normal funcionamento de qualquer serviço. Quem está fora, em regime rotativo, não só não trabalha como impede que muitas tarefas, por serem partilhadas ou por falta de informação relevante, não seja possíveis de concretizar pelos que estão ao trabalho. Daí resulta o adiamento de muitas decisões (ou a tomada de decisões erradas), alguma desorganização interna e a recaída constante em ciclos laborais de “stop and go” deveras prejudiciais. Acho bisonho que um País como o nosso, que importa quase tudo e que deve mais do que aquilo que produz, se permita continuar a viver neste registo. O trabalho não ser visto como um “frete”, como um “mal necessário”, mas como um direito (a que muitos não têm ainda acesso) e como um instrumento para a nossa realização pessoal e para o progresso da sociedade em que vivemos.
Os filhos de amanhã merecem herdar de nós um País mais próspero, mais harmonioso e menos dependente. Não os conseguiremos satisfazer enquanto vogarmos nestas águas estagnadas sobre as quais continuamos a construir feriados e pontes que não nos aproximam de nada a não ser do nosso próprio abismo.
Agora vou fazer uma pergunta um pouco maliciosa e que gostaria que alguém me desse uma resposta concreta: Uma vez que vivemos num estado laico, onde todas as religiões tem direito a existir, e onde cada pessoa tem o direito de seguir a religião que entender! Este governo, e outros no passado, ao fazerem uma recepção de tamanha envergadura, ao Papa, será que, se viesse acontecer, vir a Portugal o Chefe supremo da religião Muçulmana ou da Judaica, seria recebido da mesma forma? Será que receberam o Deus? Ou será que, o que levou este governo a receber desta forma (tal que até mesmo, os jornalistas, durante 4 dias se esqueceram que no mundo existem problemas. Só existiu o Papa e o Benfica! Já não existia fome, nem assaltos, nem mortes, o mundo estava limpo. Lamento esta atitude jornalística!). Mas como dizia, ao recebe-lo desta forma é pelo facto de acreditarem que ele tem poderes e por isso irá tirar o país do défice em que se encontra e livra-lo de cair em Banca Rota? É por isso, é que cada vez mais, sinto a necessidade de ser “SELVAGEM”.
De seguida vem a final champions,logo ao virar da esquina o mundial de futebol ,e a répubica das bananas por aí vai de vento em popa.
ResponderEliminarAbraço.
Temos problemas bem parecidos e suas ponderações são muito boas.
ResponderEliminarbeijos
Oi José!
ResponderEliminarObrigada pela sua visita e o seu carinho.
Gostei muito do seu texto. Primeiro, porque a gente fica sabendo que descaramento existe em outros países e não só no Brasil. O que é lamentável porque não deveria existir em lugar nenhum.
Depois pela questão que vc levanta a cerca da visita do Papa. Isso chega a me enojar. O povo elege alguém pra ser o representante de Deus na terra (o que é de uma pretensão sem tamanho) e acha que a visita dele vai resolver os problemas do país? Ou é só pra desviar a atenção das pessoas desses problemas, porque elas ficam em estado de êxtase com esta figura, tida como divina? Eu venho de uma formação católica, mas não sou a favor e nem contra esta religião. Só observo os fatos, que a meu ver chegam a ser ridículos.
Na realidade, nós, seres humanos, evoluimos tecnológicamente, mas ainda somos muito primitivos emocional e psiquicamente. Infelizmente, a humanidade caminha a passos de formiga.
Parabéns pelo seu blog, gostei muito daqui.
Bjussss
José, estou representado minha mãe que está de férias. São questões cruciais e com raízes profundas nas tradições do seu povo. Obrigado por nos visitar. Um abraço!Guilherme
ResponderEliminarOi pessoal... desculpem! me esqueci de dizer que sou de educação católica, mas eu cresci e não aceitei ser fanático, de tal forma que compreendi que todos os seres são filhos de Deus e omo tal, ele não formaria tamta religião. Acredito profundamente na existencia de "DEUS", mas religião... não aceito. Leiam bem, neste meu blog tem um artigo que se intitula "A religião e a divisão dos homens". Vão lá e fiquem sabendo de minha forma de encarar a religião.
ResponderEliminarMe perdoem, pois eu sei que estou no coração do "Pai Celestial". Sou muito humano e defensor de cáusas.
Um abração para todos
Meu querido, nem é preciso que se justifique. Concordo contigo em gênero, número e grau. Penso que essa idolatria criada em torno do Papa, só serve para aumentar a hierarquia burocrática e desnecessária da igreja católica. Precisamos de Deus, não de um Papa. A política brasileira, sofre com problemas parecidos e não bastasse os problemas já existentes, os nossos deputados, querem ficar trinta dias em casa, sem trabalhar, para assistirem aos jogos da copa. A coisa chegou a um ponto, que a grande população brasileira, é lembrada apenas em época de eleição. Vou ficando por aqui, antes que isto deixe de ser um comentário e vire um desabafo.
ResponderEliminarBeijo de fé para ti!!!
Este país é um colosso.
ResponderEliminarVoltámos aos tempos dos 3 F F F e está tudo dito.
O que interessa aos tubarões deste país é trazer o povo distraído, o resto que se ???..
Abraço
Olá, caro escritor!! Voce convidou e já estou por aqui dando uma "vasculhada": Criativo e interessantíssimo seu blog!
ResponderEliminarDifícil responder a pergunta do texto, ou, muito fácil... Sabemos da resposta, nenhuma outra "entidade" é tao respeitada quanto o papa. Para mim, pessoalmente, causa-me asco toda essa bajulacao. Tenho alguns artigos em meu blog a respeito... Sou sua seguidora fiel, amigo!! Aquele abraco!!
este mundo esta muito mal dao valor demas as coisas pasageiras ,esquecem que Deus esta no centro das atencoes e como deceste e muito bem aquele homem!! a roupa dele & que lhe diferencia .,.,.,desculpem por alguns erros esse cptador nao & meu
ResponderEliminarOlá José!
ResponderEliminarVim agradecer sua visita e o comentário em meu blog. Espero te ver por lá mais vezes!
Gostei muito do seu espaço!
Li seu perfil e me emocionei com sua história!
Até mais....
José, es un grave problema este del que hablas.
ResponderEliminarBesos amigo
Ora, ora! Nossos países são mesmo irmãos! Feriados emendados, mordomias e distrações para ludibriar o povo... Huuuum, isto está me cheirando a embromação!
ResponderEliminarQuanto à religião sou muito rebelde(selvagem, também!) para me fixar e me bitolar em um pensamento só.
Acredito em Deus de uma forma fora dos padrões convencionais. Acredito na liberdade de opiniões com demonstrações de tolerância. Não acredito num Deus, carrasco e nem dono da verdade, seria torná-lo por demais humano. Não acho que a religião seja a salvação, e sim a educação com mais respeito pelos nossos direitos e deveres.
Vejo que, infelizmente, a família, a escola, os meios de comunicação estão se distanciando das suas obrigações. Instituições que deveriam cumprir melhor o seu papel de uma maneira mais incisiva educando indivíduos melhores para a nossa sociedade, para o mundo. Mas, todos estão fugindo de suas responsabilidades. Tenho uma sobrinha que mora nos USA e que está horrorizada com o capitalismo selvagem de lá. Não é brincadeira, amigo.
Eles não estão nem aí para o aquecimento global, pode acreditar, a grande massa norte-americana só pensa em consumir, consumir e consumir. Ela está fazendo Doutorado, em Kansas, é uma menina prodígio! Quer trabalhar na ONU. Trouxe-me uma realidade nem um pouco satisfatória. Veja bem, eu não sou contra ninguém,e nem tenho raiva de americano, de forma alguma, mas convenhamos que um país de primeiro mundo que tem a sua população 100% alfabetizada teria que estar mais bem informada.
Vamos divagando por aí...
Beijos
Glória
entendo perfeitamente essa vontade de virar a mesa e ser "selvagem". Já agora lembro o facto do governo ter escolhido esta bela ocasião e depois do "bónus" da tolerância de ponto, lembrar que o amanhã será bem mais negro e os tais impostos que não iam subir, afinal vão mesmo subir...haverá perdão para o pecado da mentira?
ResponderEliminarum beijo
José, gostei muito do teu texto, pensei que estas coisas só aconteciam aqui no Brasil, principalmente os feriados.
ResponderEliminarJosé, tenho formação católica, porém não sou fanática.
Cheguei a conclusão que não precisamos de Igreja, precisamos sim, de Deus
Um forte abraço!
obrigada pelo comentário, gostei dos seus textos :)
ResponderEliminar*
Concordoooooo em TUDO com voce.
ResponderEliminarE meu amigo, quando o Sr papa esteve no Brasil tbm, as pompas foram iguais. Esqueceu-se todas as mazelas desse Brasil para reverenciar o mesmo.
Uma pena.
Um grande abraço!
ché...
ResponderEliminara safadesa só muda de nome e de país...
aqui acontece a mesma coisa.
o país nadando em merda e quando vem alguma celebridade ou papa fazemos recepções megalomaniacas que é pra camuflar a realidade das ruas com nossas crianças a pedir esmolas , o crak assolando o país e a pedofilia reinando a solta.
é o pão e circo pra distrair o povo e desvia-lo da devida atenção as realidades ...
triste isso.
bjuivos no coração.
Olá José!
ResponderEliminarObrigado pela visia e pelas palavras em meu blog!
Gostei muito do seu, li várias coisas e assunto é que não falta, com certeza voltarei...
Quanto a esse seu post sobre o Papa, me fez lembrar o filme "o banheiro do Papa", creio que vc conhece, se não, vale a pena ver...
Gde abraço!