2012/02/04

Os grandes empreendedores

Como é do conhecimento geral, muita gente com ambição de empreendedor, não ficaram neste país. Nas décadas de 40, 50, 60 e 70 do século passado muita gente emigrou, tanto para países europeus como para o Brasil e para as ex-colónias. Após o 25 de Abril e uma descolonização mal feita, sem terem dado o direito que o povo das colónias votasse e escolhessem assim o partido que governaria, dando assim o poder aos partidos de esquerda, os portugueses por não haver segurança, tiveram de abandonarem essas colonias, pois os partidos políticos entraram em confrontos devido a Portugal ter entregue as colónias aos partidos que eram comunistas fazendo com que os democratas não aceitassem e partiram para a guerra com a finalidade de exigirem que o povo fosse a votos. No entanto, ao chegarem a Portugal, o estado mandou construir, por vários concelhos e cidades, bairros pré-fabricados para alojar aqueles que já cá não tinham nada, pois tudo vendera para poderem semear lá. Ao chegarem cá, os que cá viviam, os que não eram empreendedores, passaram a apelidar os que eram refugiados de guerra de “retornados”. Olhavam para esses “retornados” com ar de desdém e até mesmo ainda hoje, com 37 anos passados, há pessoas que lhes dizem: “há… tu também és retornado!?”, como querendo dizer que não valem nada, são desclassificados. E, na vila de Soure, também foi construído um desses bairros. Como todos sabem, o concelho de Soure é o mais esquerdista da europa, também é por esse motivo que ficou parado no tempo e muita gente continua a sair do concelho a fim de procurarem trabalho. Vejam bem que, esse bairro em Soure que fora feito para alojar gente que fora vítima de uma esquerda em Portugal, baptizaram-no por “Bairro dos macacos”! Esses tais “retornados” não eram macacos, pois lembrem-se bem que, foi graças a esses refugiados, que se agarraram ao trabalho, como já vinham habituados, que Portugal deu um grande salto e hoje temos um país ao nível da europa. Não foi pela mão de quem cá estava, não! Esses ficaram a olhar para o tais “retornados” que fizeram desenvolver o país em apenas 20 anos. Foi graças a esses “retornados”, em Soure “macacos”, que quem cá vivia teve a oportunidade de ter um emprego. Pois os “retornados” eram empreendedores e assim criaram infra-estrutura para empregar quem cá estava! Ainda a bem pouco tempo, o jornalista Miguel Sousa Tavares, comentador num canal televisivo disse: “foi graças aos “retornados” que o nosso país se desenvolveu, pois estava atrasado, em relação à França, Alemanha, Inglaterra cerca de uns 100 anos”. Eu bem sei que isso custou muito a ser digerido por quem cá estava, pois mesmo os fundos comunitários para o desenvolvimento do país eram mais entregues aos “retornados”, pois eram eles que mostravam confiança e tinha trazido com eles a prática de trabalho! Só quem não conheceu Angola ou Moçambique é que não sabe que estavam na linha da frente em relação ao desenvolvimento de Portugal. Fora também os esquerdistas que apelidara os portugueses de “retornados” e foi daí que mais de 90% desses retornados se fizeram adeptos dos partidos da chamada direita. Os 10% desses “retornados” seguiram as linhas da esquerda porque já lá, nas colónias, não eram empreendedores, trabalhavam para o estado português e alguns, que bem conheço, eram da Guarda Fiscal, outros nas finanças, outros professores e outros em locais que era também estado. Eu fui vítima dessa palavra “retornado”, mas não, eu sinto-me refugiado de guerra e tal como eu entrei para dentro de um avião a fim de não perder a vida, uns 30% dos que vieram eram negros que também tinham o bilhete de identidade português, mas a eles não lhes chamavam de “retornados”. Para mim retornados são os que emigraram para outros países e um dia retornaram à sua terra natal por opção e não fugindo de uma guerra. São estas coisas e outras que já leram e irão ler, que faz-me sentir a vontade de voltar à selva e ser selvagem!

2 comentários:

  1. José, esta narrativa me lembra algo parecido que acontece aqui no Brasil, onde grupos de imbecis costumam discriminar a grande colônia de cidadãos que graças à desonestidade dos políticos, tiveram que emigrar da região nordeste para o sudeste, se concentrando principalmente no Rio de Janeiro e em S. Paulo.
    Estas pessoas formaram uma grande massa de trabalhadores, sendo responsáveis por um percentual significativo da mão-de-obra local, principalmente no setor de construção civil e prestação de serviços.
    Entretanto, muitas vezes são tratados como párias.
    Abraços!

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