2010/01/24

DDT, QUININO E MALÁRIA



Vivi em Angola por toda a década de 60 e metade da década 70, nas savanas e florestas. A Malária, conhecida na época por Paludismo não matava. Durante os quinze anos não se ouvia falar em doentes ou mortes feitas por este vírus transportado por um mosquito. Não era que o vírus não existisse, mas existia prevenção. Era distribuído por toda a gente comprimidos “Quinino” que eram tomados um por semana. Todos os lugares onde se pudessem alojar os mosquitos, baratas, aranhas e outros insectos, como por exemplo, em capoeiras, corrais e em volta das habitações, eram desinfectados com um pó conhecido por DDT. Até mesmo, este pó era esfregado no couro cabeludo dos animais para os livrar dos parasitas e até nas cabeças de crianças quando apareciam com piolhos. O alastramento da Malária deve-se á retirada dos europeus das Ex-Colónias, entrando assim, esses países, no abandono no campo de prevenção e saúde. Por outro lado, também, tem a ver com a proibição, a nível mundial, do fabrico e utilização do benéfico pó branco “DDT”. Na África do Sul, na zona do Kwazululu- Natal, em 1996 o DDT é substituído por outro insecticida piretroide e o resultado é a Malária dispara de 20.000 afectados para 65.000. Só volta a descer, para os 8.000 em 2005, porque em 2000 o governo e as autoridades sanitárias retrocedem e voltam ao DDT. O DDT era, e é, um insecticida nosso amigo e toda a gente o tinha em casa. Durante os 15 anos que vivi no deserto Angolano, nunca adoeci e todos que por lá viviam usufruíam de boa saúde. Para acabar com essa terrível epidemia, que é a Malária, só será possível quando as entidades sanitárias de todo o mundo resolverem invadirem a África com a finalidade de distribuir o DDT e os comprimidos “Quinino”, tal como se fazia nas décadas de 50, 60 e 70 quando a prevenção estava a cargo dos governos colonizadores. Em 2004, um irmão de um cunhado meu regressou á terra que o viu nascer, Huambo, antiga Nova Lisboa, Angola. Em Novembro de 2007 faleceu contaminado pela Malária. Ele nasceu, cresceu e casou-se lá, veio para Portugal em 1975, tal como tantos, fugindo á guerra. Dizia ele: - Tenho que morrer onde nasci! Mal ele sabia que um mosquito o esperava para lhe sugar sangue e deixar, como tampão no orifício, o terrível vírus Malária.

O que é a malária e como se propaga
A malária ou paludismo é uma doença infecciosa aguda ou crónica causada por protozoários parasitas do género Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito Anopheles.
A malária mata 3 milhões de pessoas por ano, uma taxa só comparável à da SIDA, e afecta mais de 500 milhões de pessoas todos os anos. É a principal parasitose tropical e uma das mais frequentes causas de morte em crianças nesses países: (mata um milhão de crianças com menos de 5 anos a cada ano). Segundo a OMS, a malária mata uma criança africana a cada 30 segundos, e muitas crianças que sobrevivem a casos severos sofrem danos cerebrais graves e têm dificuldades de aprendizagem.
A designação paludismo surgiu no século XIX, formada a partir da forma latinizada de paul, palude, com o sufixo -ismo. Malária é termo de origem italiana que se internacionalizou e que surge em obras em português na mesma altura. Termo médico tradicional era sezonismo, de sezão, este atestado desde o século XIII. Existem muitas outras designações.
Transmissão
Fêmea de Anopheles alimentando-se de sangue humano A malária é transmitida pela picada das fêmeas de mosquitos do género Anopheles. A transmissão geralmente ocorre em regiões rurais e semi-rurais, mas pode ocorrer em áreas urbanas, principalmente em periferias. Em cidades situadas em locais cuja altitude seja superior a 1500 metros, no entanto, o risco de aquisição de malária é pequeno. Os mosquitos têm maior actividade durante o período da noite, do crepúsculo ao amanhecer. Contaminam-se ao picar os portadores da doença, tornando-se o principal vector de transmissão desta para outras pessoas. O risco maior de aquisição de malária é no interior das habitações, embora a transmissão também possa ocorrer ao ar livre.
O mosquito da malária só sobrevive em áreas que apresentem médias das temperaturas mínimas superiores a 15 °C, e só atinge número suficiente de indivíduos para a transmissão da doença em regiões onde as temperaturas médias sejam cerca de 20-30 °C, e humidade alta. Só os mosquitos fêmeas picam o homem e alimentam-se de sangue. Os machos vivem de seivas de plantas. As larvas se desenvolvem em águas paradas, e a prevalência máxima ocorre durante as estações com chuva abundante.
A infecção humana começa quando um mosquito Anopheles fêmea inocula esporozoítos dos plasmódios a partir da sua glândula salivar durante a hematofagia. Essas formas são transportadas pela corrente sanguínea até o fígado, onde invadem as células e começam o período de reprodução assexuada. Mediante esse processo de amplificação. Um único esporozoíto produz vários merozoítos-filhos. Nas infecções por P. vivax, uma parcela das formas intra-hepáticas não se divide de imediato, permanecendo latente, na forma de hipnozoítos, por um período variável de 3 semanas a 1 ano ou mais antes que a reprodução comece, e são a causa das recidivas das infecções.
Mais tarde a célula se rompe, liberando merozoítos móveis na corrente sanguínea e rapidamente os merozoítos invadem os eritrócitos e se transformam em trofozoítos. A fixação é mediada através de um receptor específico da superfície do eritrócito. Ao fim do cilco evolutivo intra-eritrocitário, o parasito consumiu quase toda a hemoglobina e cresceu a ponto de ocupar a maior parte do eritrócito. Agora denomina-se esquizonte. Ocorrem múltiplas divisões celulares, e o eritrócito se rompe para liberar 6 a 30 merozoítos-filhos, cada um potencialmente capaz de invadir um novo eritrócito e repetir o ciclo. A doença em seres-humanos é causada pelos efeitos directos da invasão e destruição eritrocitárias pelo parasito assexuado e pela reacção do hospedeiro. Depois de uma série de ciclos assexuados ou imediatamente após a liberação do fígado alguns dos parasitas desenvolvem-se em formas sexuadas de vida longa, morfologicamente distintas, responsáveis por transmitir a malária.
Após serem ingeridos durante a picada de um mosquito Anopheles fêmea para alimentar-se de sangue, os gametócitos masculinos e femininos formam um zigoto no intestino médio do insecto. Esse zigoto amadurece até um oocineto, que penetra e encesta-se na parede intestinal do mosquito. O oocisto resultante multiplica-se por divisão assexuada, até romper-se e liberar grande quantidade de esporozoítos móveis, que em seguida migram pela hemolinfa até a glândula salivar do mosquito, onde aguardam a inoculação em outro ser humano na segunda picada.

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