2010/01/14

Timor… a morte de um Líder




Os timorenses iludiram-se, com as promessas das Comunidades Internacionais e ficaram á espera de conseguirem serem Independentes, e donos das riquezas construídas por outros, só que o tiro saiu-lhes pela culatra e neste momento quem se ri com tudo, são os Indonésios, pois o povo continua revoltado por sentirem que foram traídos. Na Segunda-feira em Dili, 5 de Março de 2007, meio-dia aberto o sol, num cruzamento junto á catedral, das ruínas de um armazém, chovem pedras sobre os carros que passam. A rua do bairro Pité é um corredor de pneus queimados, pedregulhos, garrafas partidas, jantes de Camião, chapas de zinco e sucata vária. Este era o cenário que nos chegava através dos canais de televisão. A rua está cortada mais a cima, como outras ruas, em Taibessi, Colmera ou Vida Verde. Alfredo é Revolução. Alfredo Reinado é fugitivo á justiça. Escapou da prisão de Becora, em Dili, a 30 de Agosto de 2006. Aguardava processo por posse ilegal de material de Guerra e dizia, ele, que os governantes eram portadores de armas para defesa, também ele tinha o mesmo direito. Saiu com algumas dezenas de homens, incluindo vários condenados por crimes de sangue. Alfredo, o herói, militar rebelde consegue iludir a justiça e as tropas internacionais, a ele junta-se juventude descontente e põe o país á beira do estado de sítio. É natural que os jovens admiradores do Major sigam o mesmo programa que o seu herói: Desafiar a lei e o sistema. É isto que estão a fazer e quem será que estará assegurar a despesa das camisolas estampadas e dos painéis que, de repente, aparecem em Dili? O retrato do Major Che Guevara junto a um painel maior de contraplacado que diz: «Portugal/Austrália invasão». Eles não se enganam! Com que então julgavam que toda aquela vontade de Portugal, Austrália e outros, de expulsarem a Indonésia, seria para o bem-estar dos timorenses? Enganaram-se. Existem países com muita sede de Petróleo e sempre fizeram, e farão, por chamar os habitantes, colocam-lhes um rebuçado na boca e fazem-lhes mais umas promessas de mais uns rebuçados no futuro e assim os vão convencendo a poderem sulcar-lhes esse maldito Ouro Negro. Em 2006, 8 de Fevereiro, quase 600 militares desertam, sobe a liderança do ex-comandante da polícia militar, major Alfredo Reinado. Com apenas 40 anos, torna-se uma figura incontornável de Timor. Mais tarde refugia-se na pousada de Maubisse, nas montanhas, e exige a demissão do Primeiro-ministro, Mari Alkatiri. Só obedece ao Xanana Gusmão. Já em Julho é preso na sequência da descoberta, pela G.N.R. de material de guerra escondido em três habitações. Mas logo em Agosto foge da prisão de Bácora com 56 reclusos, alguns dos quais militares. Em Fevereiro de 2007 assalta três postos da polícia no distrito de Maliana, no sudoeste, e leva 25 armas e uniformes. Depois pede o afastamento de Xanana e do primeiro-ministro Ramos Horta. Em Março escapa a uma caça ao homem, protagonizada pelas forças especiais Australianas, na região acidentada de Same. Same, uma vila remota a que insistem chamar «Cidade», é o côncavo montanhoso, no litoral sul do país, onde Alfredo Reinado foi cercado por tropas Australianas das forças de estabilização internacionais (ISF). Para Alfredo Reinado, “Mari Alkatiri, Xanana Gusmão, Ramos Horta e o padre Ximenos Belo” são lacaios do imperialismo Australiano.
Os Australianos lançaram a operação em Same, usando helicópteros Black Hawk, blindados e tropas especiais SASR e, comandados do 4º Real Regimento Australiano (RAR). Mataram cinco timorenses armados do grupo de Reinado. O Major, porem, escapou, assim como o seu aliado Gastão Salsinha e o deputado independente Leandro Isaac. Os apoiantes e admiradores de Reinado são sobretudo os jovens, Reinado é um símbolo para os jovens que não se reconhecem nos símbolos dos mais velhos. Cada geração tem os seus próprios heróis. Alfredo Reinado é pintado e retratado com o “Che” em Timor e os jovens vêem em Reinado o único timorense a lutar contra uma potência invasora a quererem sulcar-lhes o petróleo. Ele é o símbolo de uma realidade que se construiu nos últimos 5 anos desde a independência. Os apoiantes de Reinado dizem de que o sistema de governo de Timor-Leste abandonou esta geração. Os marginais são plataformas Social, também cultural e linguística. A maioria dos jovens estudara e estudam em Bahasa, Indonésia. Eles sentem que o sistema os marginaliza também pela língua. Não há bons empregos para quem não sabe português ou inglês. E a prioridade do governo na educação não são os jovens, mas as crianças. É uma estratégia que não pensou o que fazer com a geração que cresceu num sistema diferente. Existem cerca de 20 grupos de artes marciais. Já no tempo colonial português já havia grupos destes e continuaram a existir sobe a ocupação da Indonésia na forma de milícias. A resistência originou ou inspirou alguns dos grupos que hoje causam dores de cabeça ás autoridades. E estão interligados, estes grupos com os partidos políticos. O grupo Karka é com a FRETILIM e o PSHT é coligado aos dois maiores partidos da oposição, PSD e PD. Os jovens, que agora os tem como criminosos mas que no tempo da ocupação pela Indonésia tinham o apoio de certos governos internacionais e comunicação social, aprenderam com os jovens da resistência. O governo não teve, depois, uma politica de reconversão Social nem o sistema judicial funcionou para punir os comportamentos marginais, mas também, não poderia funcionar, porque os homens que fazem parte do governo são os que deram, outrora, apoio á rebelião de marginais que os levou ao ponto do tal massacre de Santa Cruz. Muito me admira, agora, que venham a falar que são grupos marginais. Quando, mais uma vez, voltei a comentar com um timorense, a executar a sua profissão no Concelho onde vivo (Soure) sobre a situação que se estava a viver em Timor-Leste disse-lhe: “Então o problema era a Indonésia? Agora, passados 5 anos, desde 2002, os actos de vandalismo continuam!”. A sua resposta foi unânime, disse: “O problema em Timor é sempre o mesmo e vai continuar a ser. Grupos de jovens, sem trabalho, são aliciados á destabilização por potências económicas estrangeiras porque Timor tem petróleo”.
Alfredo Reinado, com o apoio destes grupos revoltados com o sistema, usou uma imagem que ele sabe existir em Timor-Leste: “Já é tempo de mudar a máquina de escrever pelo computador”. Tanto os jovens como o Xanana Gusmão entenderam a mensagem. Em avanço pelo bairro Pité, os polícias escutam gritos dos jovens dizendo: “Alfredo é o melhor, Alfredo é herói”. Escusado é dizer que, se por um lado temos países que fazem parte das forças de estabilização, por outro lado temos as empresas de exploração de petróleo, desses mesmos países, a darem apoio á destabilização porque todos querem, esse maldito, ouro negro. É assim, e será sempre assim até que esgote essa droga que tem levado tanta e tanta gente á morte. Enquanto esgota e não esgota, vamos assistindo ás matanças com os argumentos, de que, é porque um país ocupou outro ou porque um país tem armas químicas, como foi o caso do Iraque e agora vem o Irão com o protesto de o quererem atacar por estar a construir uma Central Atómica e armas nucleares, quando todos sabemos que é por ser o 2º país detentor de grandes jazigos de petróleo. Os timorenses continuam descontentes com o sistema e hoje, dia 10 de Fevereiro, fazem mais um ataque, acompanhados do seu único homem em quem confiam, “Alfredo Reinado”, e desta vez, a intenção, era mesmo aniquilar os governantes, “Chanana Gusmão e Ramos Horta” amigos do imperialismo internacional e acabando assim por morrer o seu líder “Alfredo Reinado”. Timor vai ser isto, sempre isto e nunca sairá disto. Os Timorenses estavam bem era integrados na Indonésia mas, os apoiantes do imperialismo iludiram-nos.

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