2010/02/11

Somos deficientes todos os dias


No passado dia 3 de Dezembro foi muito baladado, pelos órgãos de comunicação social, o Dia Internacional do Deficiente. O deficiente não pode ser negligenciado e relembrado somente nesse dia! Sou deficiente motor, portador de poliomielite, e muito me repugna o abuso e negligencia que pessoas, não deficientes, entidades governantes e privadas, fazem dos deficientes. Passando a terem-nos como seres sem direitos e tratando-nos, muitas das vezes com ignorância.

Acontece que apesar de já á muito tempo as entidades municípais, de vários municípios do nosso país, não darem ouvidos ás nossas reclamações, acontece que por altura da feira feira e festa anual de São Mateus em Soure (de 18 a 22 de Setembro), decorre algo muito abusivo que passarei a mencionar.

Tal como todos os anos é colocado uma rollot de fabrico de farturas no centro da Vila ocupando um parque de estacionamento para deficientes onde existem outros 7 lugares para não deficientes. Este parque é o único que se encontra próximo da estação de correios, farmácias, bancos, médico e até os pricipais bares. Depois do fim das festas esta rollot vai permanecer ali mais uma semana, ou seja, os Deficientes ficam impedidos de se deslocarem aos citados locais cerca de 15 dias. Eu não necessito daquele parque, mas, é muito triste que todos os anos veja e ouça a revolta de outros que necessitam daquele lugar para estacionar o seu automóvel por alguns instantes.

Para alem deste "abuso" exitem outros. Ainda á tres anos, quando fizeram a iluminação ornamental, por altura das citadas festas de São Mateus, colocaram os postes de iluminação no meio do passeio e eu fiquei impedido durante 4 meses de ir ao Banco Milénium BCP, que éra o único que tinha rampa para cadeiras de rodas. O ano passado, quando vi a fazerem a iluminação, impus-me e obriguei-os a colocarem, os mesmos postes, mais a berma. Mas as barreiras tiveram que acontecer por parte da empresa de iluminação. Para eu poder ir ás lojas na rua São João de Deus, apesar de não haver rampas na passadeira em frente à pastelaria, sou obrigado a entrar no passeio em frente ao Banco Espirito Santo, contornar a Caixa Geral de Depósitos e seguir, só que, logo me deparo com mais uma barreira! Naquela rua, os postes foram colocados a meio do passeio e logo tenho fazer retrocesso e circular no piso destinado aos automóveis sujeitando-me a ser atropelado. Será que a Câmara Municipal não tem um funcionário para nessa altura inspecionarem o trabalho feito pela empresa contratada? Ou será que seja por falta de sensiblidade e respeito que a autarquia possa ter pelos que utilizam cadeiras de rodas e carrinhos de bebés que estas coisas acontecem?

Este é um dos grandes problemas que muitas das vezes leva-nos a sentirmo-nos marginalizados.

Existem outros mais, como por exemplo, os que utilizam cadeiras de rodas, tal como eu, sempre que vamos tratar de algum assunto á junta de freguesia temos que mandar chamar um funcionário para vir á rua e se estiver sol de rachar ou chuva vamos ter que gramar porque existe um degráu com cerca de 15 centimetros e por mais que eu já tenha defrontado os orgãos competentes, não me dão ouvidos porque eu sou um e um não tem direito a nada.

Somos poucos para quem não é Deficiente, mas para nós, somos muitos! Estes problemas só serão resolvidos, talvez, se houver um orgão de comunicação social que desmascare ou que, nós deficientes, venhamos a tomar outras medidas drásticas que envolvam os Agentes de segurança e tribunais.

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